sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Arrisque-se

 Na vida nada vem fácil; tudo tem o seu preço. Nada mas prazeroso que comemorar uma conquista depois de ter superado tantos obstáculos que estavam em nosso caminho. A história das pessoas bem sucedidas, nos mais variados campos, mostram que estas são merecedoras, afinal, arriscaram algo de precioso para elas.
Ou um emprego, um amor, segurança; não importa o que e o nível de risco que você correu; mas se posso dar um conselho aí vai: ARRISQUE-SE
Nada é pior do que a dúvida, do que aquela sensação de impotência diante da pergunta:
- Será que seria diferente seu tivesse feito isso ou aquilo?
não aconselho  nem desejo que ninguém passe por isso; mas para isso acontecer é necessário buscar e até, de vez em quando, correr riscos e é o que espero para você.
Nada de fazer absurdos e atitudes completamente loucas e desesperadas; esse risco eu não aconselho.
Porém o risco pensado, analisado mediante um fato da vida, esse sim é bom e saudável. Se poderá levar você aonde vc quer estar então, vá em frentre e se jogue

Os riscos às vezes parecem que são demais para nossas possibilidades, mas as vezes um pouco de determinação e imaginação podem fazer muito por nós mesmo e por nossas expectativas. Pensemos nisso e sempre que tivermos algo difícil pela frente vamos superar; se necessário correndo riscos e com um pouco de esforço mas, no final superaremos tudo que vier pela frente.
Aprendi que, apesar de ser horrível de ouvir quando estamos em situações desfavorárveis; a frase " o tempo ajeita tudo" é a frase mais correta que já ouvi; então se você se arriscar e correr atrás do que você quer e mesmo assim não conseguir; tenha calma e leia a sábia frase; um dia as coisas vão se ajeitar e quem sabe você não realiza oque tanto quis. O problema é que certas coisas tem prazo de validade, depois de um tempo deixam de ser interessantes para a gente e perdemos o interesse.
Mas não deixe de correr riscos em prol do que almeija; no final de tudo, pelo manos tempo você acaba ganhando.


     

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poema

MOTIVO

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

Se esses são os eleitores de serra; acredite, ele nunca vai ser presidente!

CALEM A BOCA, NORDESTINOS!

Por José Barbosa Junior A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.
Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra... outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.
Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!
Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos... pasmem... PAULISTAS!!!
E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.
Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura...
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner...
E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia...
Ah! Nordestinos...
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário... coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso... mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
Minha mensagem então é essa: - Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
 
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!
 
José Barbosa Junior, na madrugada de 03 de novembro de 2010.

Bobagens!!

 Fala sério, essa foi muito boa! huahauhauhah
 Vai ver tem uma certa verdade nisso!
 \o/\o/\o/\o/
 Fenômeno de mal gostoooo
 É claro que isso não é verdadeee....será???
rsrsrsrsrsrrs

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Bela de uma Invenção

Bafômetro
Quem ainda não ficou bêbado e saiu ligando pra ex-namorada chorando as pitangas e pagando o maior mico? E claro, com o advento das redes sociais todo um novo horizonte se abriu para o desabafo etílico. Nesse caso, no dia seguinte, o mico vira um orangotango replicado várias vezes por todos os seus amigos. Bem… Alguém em sã conciência teve uma boa idéia e criou um plugin que não te deixa cair em tentação. Funciona assim: Você baixa o “Social Media Sobriety Test” para seu Firefox. Coloca lá os dias e horários que costuma beber “socialmente” e escolhe os sites que costuma usar pra socializar. Toda vez que você tentar navegar por eles em horários suspeitos, o programa fará você responder algumas perguntas pra testar se está em plenos poderes de suas faculdades mentais. Se não passar, nada de Feicebuqui!

Se beber, não poste.

Fonte: quatroolho.com.br

Um Fato Da Vida Aê


Esses dias indo para o Trivela em Recife, por sinal muito boa festa; bebendo bastante como todo o ônibus, todos muito animados; porém sempre tem aquelas pessoas que só se preocupam com a imagem delas. Eu como me preocupo muito com a minha, e me preocupo demasiadamente com a opinião alheia sobre mim ( kkkk fala sério); logo fiz questão de fazer tudo ao contrário do que certas pessoas falavam. Dessa forma, logo começaram os comentários:
- Para com isso, você vai se queimar!!!
- Você é muito doido menino
-etc...etc...etc....
O interessante é que isso em nenhum momento foi motivo para essas pessoas pararem de conversar ou ficar perto de mim....impressionante. E nesse momento da viagem, chegamos em mamanguape; ainda teríamos umas duas horas de viagem pela frente. Dei uma ajeitada na "lataria"( que grosseria kkkk), e fui me divertir bem! Ora, sábado pela manhã, primeiro dia de feriadão, a caminho do Chevrolet Hall; para que eu ia me preocupar com alguma coisa? a intenção era curtir e muito.
Assim prossegui, fiz graça, pulei, dancei, e tudo o que se possa fazer dentro de um ônibus à  caminho de uma festa.
Finalmente chegamos ao local do Trivela, fui ao shopping que fica em frente ao Chevrolet Hall para almoçar, lavar o rosto, essas coisas... e ao retornar entramos no show. A animação contin uou a mesma e, parece que o AsA de ÁgUiA e a outra banda que tocou depois adivinharam que estávamos literalmente querendo diversão. Depois de umas 3 horas e tanto foi que o AsA parou de tocar e a outra banda que tocou depois também tocou umas 3 horas e tanto...resumindo; um showzaçooooooooooo daqueles; eu dei valor demais a tudo!!!
Por fim, estava eu saindo do Chevrolet Hall ao final do show, procurando o ônibus, quando parei para comprar uma cerveja e o vendendor falou com aquele sotaque pernambucano característico:
- É Doixxxxx Reaixxxxxxxx
Então eu, imitando o sotaque falei:
- Poixxxx faxxxx o seguintixxxxxx, eu vou pagar duaxxxxxxx cervaxxxxx a vc; depoixxxxxx eu pego a outra!
e dei uma tapinha no ombro do vendedor e sentei na muretinha lá.... tomei minha cerveja, peguei a outra e fui me dirigir ao ônibus... e uma cidadã que estava sentava estendeu a mão p eu ajudá-la a se levantar; porém ela lembrou que eu tinha dado um tapinha no ombro do vendedor de cervaja e ficou com nojinho de pegar na minha mão. a outra amiga levantou ela e fomos andando. Para escandalizar de vez, ao atravessar a rua eu pedi que o carro que vinha parasse, quando ele parou eu dei um rolamento no meio da rua(isso mesmo) e segui andando e os comentários foram instantâneos:
- menino, você é tão bonitinho, mas é doido...assim você se queima para as meninas....
e eu, muito educado, mostrei minhas rusgas de preocupação para elas....ou seja mostrei a palma da mão "enrrugada". e continuei:
- Pense em um cara preocupado em se queimar que sou eu...Pense num cara fiica incomodado com o que outras pessoas acham(pessoas que mem conheço direito). Pode deixar eu me queimar!!!!
Bixo, não tenho dúvidas, sou mais feliz que essas cidadãs, e digo máis, muito mais feliz; curti o show do jeito que deu na telha...não precisei me policiar toda hora.... ahhhhh.....Se se queimar p geral for ter um dia feliz, quero ser "torrado"!!!! hehehehe


              Tava Pensando nisso e resolvi escrever....não é desabafo, soh relatos....

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

                                             Cuzco- Peru


Sempre deixei claro que sou um amante da noite. A noite me fascina em todos os sentidos.
Nada mais interessante do que estar no alto de um prédio observando os "movimentos" noturnos da cidade; os carros que passam a 100km/h; os faróis se multiplicando,  os trabalhadores se aglomerando nas paradas de ônibus em busca do último transporte do dia, outros em suas bicicletas retornando para suas casas. Seja apenas para adimirar a cidade em silêncio, sem o estress da luz do sol e e seus anexos, os prédios e avenidas em sua mais pura essência; os animais urbanos vindo à tona para buscar comida; aquela praça tão bela que nunca apreciamos, a praia deserta apenas com o luar a refletir em suas águas, as estrelas lá no céu em aparente harmonia, a lua soberana no horizonte, as luzes das casas aos poucos e lentamente se apagando.
A noite o espírito muda, a aventura começa. O desejo de curtir, sair, conhecer pessoas; desbravar a cidade; fazer tudo o que for possível em busca da alegria. Asm pessoas juntas em festas, casais em momentos de intimidade em suas casas; aparelhos de sons ligados em volume máximo, toda a cidade curtindo um momento único. A criança com medo do lobisomen, o religioso rezando pára os que já se foram, os jovens saindo para se divertir, os pais se aconchegando no sofá, os amantes passeando de mãos dadas; aqueles que trabalham suando a camisa, os supermercados e lojas baixando suas portas; os carros de polícia a vigiar a cidade, delegacias em pleno funcionamento; bares lotados de pessoas animadas e ansiosas por um desfecho feliz para seu dia; hospitais em estado de alerta; a noite mostrando todas as suas caras.
A noite pode ser captada em vários momentos de várias formas; tão complexa que não vi meios de simplificá-la; porém se prestarmos atenção; tudo oque acontece nas noites das cidades acontecem sob a luz do sol; e por que exaltar tanto a noite? a noite se estuda, se trabalha, se faz comida, se diverte; assim como à luz do sol. O motivo de tanto eufanismo relação à noite eu não sei explicar, é algo que simplesmente se sente; palavras não trazem a verdadeira noção do significado do sentimento; só sei de uma coisa: à noite tudo é mais legal; o porquê, cada um tem que descobrir; o meu eu jah sei qual é!


                                     Bruno Miranda

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo;
que amava Maria que amava Joaquim,
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma coisa estranha aconteceu na noite passada em Natal

por Miguel Nicolelis


Desde que cheguei ao Brasil, há duas semanas, eu vinha sentindo uma sensação muito estranha. Como se fora acometido por um ataque contínuo da famosa ilusão, conhecida popularmente como déjà vu, eu passei esses últimos 15 dias tendo a impressão de nunca ter saído de casa, lá na pacata Chapel Hill, Carolina do Norte, Estados Unidos.

Mas como isso poderia ser verdade? Durante esse tempo todo eu claramente estava ou São Paulo ou em Natal. Todo mundo ao meu redor falava português, não inglês. Todo mundo era gentil. A comida tinha gosto, as pessoas sorriam na rua. No aeroporto, por exemplo, não precisava abrir a mala de mão, tirar computador, tirar sapato, tirar o cinto, ou entrar no scan de corpo todo para provar que eu não era um terrorista. Ainda assim, com todas essas provas evidentes de que eu estava no Brasil e não nos EUA, até no jogo do Palmeiras, no meio da imortal “porcada”, a sensação era a mesma: eu não saí da América do Norte! Mesmo quando faltou luz na Arena de Barueri durante o jogo, porque nem a 25 km da capital paulista a Eletropaulo consegue garantir o suprimento de energia elétrica para um prélio vital do time do coração do ex-governador do estado (aparentemente ninguém vai muito com a cara dele na Eletropaulo. Nada a ver com o Palmeiras), eu consegui me sentir à vontade.


Custou-me muito a descobrir o que se sucedia.


Porém, ontem à noite, durante o debate dos candidatos a Presidência da República na Rede Record, uma verdadeira revelação me veio à mente. De repente, numa epifania, como poucas que tive na vida, tudo ficou muito claro. Tudo evidente. Não havia nada de errado com meus sentidos, nem com a minha mente. Havia, sim, todo um contexto que fez com que o meu cérebro de meia idade revivesse anos de experiências traumatizantes na América do Norte.


Pois ali na minha frente, na TV, não estava o candidato José Serra, do PSDB, o “partido do salário mais defasado do Brasil”, como gostam de frisar os sofridos professores da rede pública de ensino paulistana, mas sim uma encarnação perfeita, mesmo que caricata, de um verdadeiro George Bush tropical. Para os que estão confusos, eu me explico de imediato. Orientado por um marqueteiro que, se não é americano nato, provavelmente fez um bom estágio na “máquina de moer carne de candidatos” em que se transformou a indústria de marketing político americano, o candidato Serra tem utilizado todos os truques da bíblia Republicana. Como estudante aplicado que ainda não se graduou (fato corriqueiro na sua biografia), ele está pronto para realizar uns “exames difíceis” e ser aceito para uma pós-graduação em aniquilação de caracteres em alguma universidade de Nova Iorque.


Ao ouvir e ver o candidato, ao longo dessas duas semanas e no debate de ontem à noite, eu pude identificar facilmente todos os truques e estratégias patenteados pelo partido Republicano Americano. Pasmem vocês, nos últimos anos, essa mensagem rasa de ódio, preconceito, racismo, coberta por camadas recentes de fé e devoção cristã, tem sido prontamente empacotada e distribuída para o consumo do pobre povo daquela nação, pela mídia oficial que gravita ao seu redor.


Para quem, como eu, vive há 22 anos nos EUA, não resta mais nenhuma dúvida. Quem quer que tenha definido a estratégia da campanha do candidato Serra decidiu importar para a disputa presidencial brasileira tanto a estratégia vergonhosa e peçonhenta da “vitória a qualquer custo”, como toda a truculência e assalto à verdade que têm caracterizado as últimas eleições nos Estados Unidos. Apelando invariavelmente para o que há de mais sórdido na natureza humana, nessa abordagem de marketing político nem os fatos, nem os dados ou as estatísticas, muito menos a verdade ou a realidade importam. O objetivo é simplesmente paralisar o candidato adversário e causar consternação geral no eleitorado, através de um bombardeio incessante de denúncias (verdadeiras ou não, não faz diferença), meias calúnias, ou difamações, mesmo que elas sejam as mais absurdas possíveis.


Assim, de repente, Obama não era mais americano, mas um agente queniano obcecado em transformar a nação americana numa república islâmica. Como lá, aqui Dilma Rousseff agora é chamada de búlgara, em correntes de emails clandestinos. Como os EUA de Bill Clinton, apesar de o país ter experimentado o maior boom econômico em recente memória, foi vendido ao povo americano como estando em petição de miséria pelo então candidato de primeira viagem George Bush.


Aqui, o Brasil de Lula, que desfruta do melhor momento de toda a sua história, provavelmente desde o período em que os últimos dinossauros deixaram suas pegadas no que é hoje o município de Sousa, na Paraíba, passa a ser vendido como um país em estado de caos perpétuo, algo alarmante mesmo. Ao distorcer a verdade, os fatos, os números e, num último capítulo de manipulação extremada, a própria percepção da realidade, através do pronto e voluntário reforço do bombardeio midiático, que simplesmente repete o trololó do candidato (para usar o seu vernáculo favorito), sem crítica, sem análise, sem um pingo de honestidade jornalística, busca-se, como nos EUA de George Bush e do partido Republicano, vender o branco como preto, a comédia como farsa.


Não interessa que 26 milhões de brasileiros tenham saído da miséria. Nem que pela primeira vez na nossa história tenhamos a chance de remover o substantivo masculino “pobre” dos dicionários da língua portuguesa. Não faz a menor diferença que 15 milhões de novos empregos tenham sido criados nos últimos anos. Ou que, pela primeira vez desde que se tem notícia, o Brasil seja respeitado por toda a comunidade internacional. Para o candidato da oposição esse número insignificante de empregos é, na sua realidade marciana, fruto apenas de uma maior fiscalização que empurrou com a barriga do livro de multas 10 milhões de pessoas para o emprego formal desde o governo do imperador FHC.

Nada, nem a realidade, é capaz de impressionar os fariseus e arautos que estão sempre prontos a denegrir o sucesso desse país de mulatos, imigrantes e gente que trabalha e batalha incansavelmente para sobreviver ao preconceito, ao racismo, à indiferença e à arrogância daqueles que foram rejeitados pelas urnas e vencidos por um mero torneiro mecânico que virou pop star da política internacional. Nada vai conseguir remover o gosto amargo desse agora já fato histórico, que atormenta, como a dor de um membro fantasma, o ego daqueles que nunca acreditaram ser o povo brasileiro capaz de construir uma nação digna, justa e democrática com o seu próprio esforço. Como George Bush ao Norte, o seu clone do hemisfério sul não governa para o povo, nem dele busca a sua inspiração. A sua busca pelo poder serve a outros interesses; o maior deles, justiça seja feita, não é escuso, somente irrelevante, visto tratar-se apenas do arquivo morto da sua vaidade, o maior dos defeitos humanos, já dizia dona Lygia, minha santa avó anarquista. Para esse candidato, basta-lhe poder adicionar no currículo uma linha que dirá: Presidente do Brasil (de tanto a tanto). Vaidade é assim, contenta-se com pouco, desde que esse pouco venha embalado num gigantesco espelho.

Voltando à estratégia americana de ganhar eleições, numa segunda fase, caso o oponente sobreviva ao primeiro assalto, apela-se para outra arma infalível: a evidente falta de valores cristãos do oponente, manifestada pela sua explícita aquiescência para com o aborto; sua libertinagem sexual e falta de valores morais, invariavelmente associada à defesa do fantasma que assombra a tradição, família e propriedade da direita histérica, representado pela tão difamada quanto legítima aprovação da união civil de casais homossexuais. Nesse rolo compressor implacável, pois o que vale é a vitória, custe o que custar, pouco importa ao George Bush tupiniquim que milhares de mulheres humildes e abandonadas morram todos os anos, pelos hospitais e prontos-socorros desse Brasil afora, vítimas de infecções horrendas, causadas por abortos clandestinos.


George Bush, tanto o original quanto o genérico dos trópicos, provavelmente conhece muitas mulheres do seu meio que, por contingências e vicissitudes da vida, foram forçadas a abortos em clínicas bem equipadas, conduzidas por profissionais altamente especializados, regiamente pagos para tal prática. Nenhum dos dois George Bushes, porém, jamais deu um plantão no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo e testemunhou, com os próprios olhos e lágrimas, a morte de uma adolescente, vítima de septicemia generalizada, causada por um aborto ilegal, cometido por algum carniceiro que se passou por médico e salvador.


Alguns amigos de longa data, que também vivem no exterior, andam espantados com o grau de violência, mentiras e fraudes morais dessa campanha eleitoral brasileira. Alguns usam termos como crime lesa pátria para descrever as ações do candidato do Brasil que não deu certo, seus aliados e a grande mídia.


Poucos se surpreenderam, porém, com o fato de que até o atentado da bolinha de papel foi transformado em evento digno de investigação no maior telejornal do hemisfério sul (ou seria da zona sul do Rio de Janeiro? Não sei bem). No caso em questão, como nos EUA, a dita grande imprensa que circunda a candidatura do George Bush tupiniquim acusa o Presidente da República de não se comportar com apropriado decoro presidencial, ao tirar um bom sarro e trazer à tona, com bom humor, a melhor metáfora futebolística que poderia descrever a farsa. Sejamos honestos, a completa fabricação, desmascarada em verso, prosa e análise de vídeo, quadro a quadro, por um brilhante professor de jornalismo digital gaúcho.

Curiosamente, a mesma imprensa e seus arautos colunistas não tecem um único comentário sobre a gravidade do fato de ter um pretendente ao cargo máximo da República ter aceitado participar de uma clara e explicita fabricação. Ou será que esse detalhe não merece algumas mal traçadas linhas da imprensa? Caso ainda estivéssemos no meio de uma campanha tipicamente brasileira, o já internacionalmente famoso “atentado da bolinha de papel” seria motivo das mais variadas chacotas e piadas de botequim. Mas como estamos vivendo dentro de um verdadeiro clone das campanhas americanas, querem criminalizar até a bolinha de papel. Se a moda pega, só eu conheço pelo menos uns dez médicos brasileiros, extremamente famosos, antigos colegas de Colégio Bandeirantes e da Faculdade de Medicina da USP, que logo poderiam estar respondendo a processos por crimes hediondos, haja vista terem sido eles famosos terroristas do passado, que se valiam, não de uma, mas de uma verdadeira enxurrada, dessas armas de destruição em massa (de pulgas) para atingir professores menos avisados, que ousavam dar de costas para tais criminosos sem alma.


Valha-me Nossa Senhora da Aparecida — certamente o nosso George Bush tupiniquim aprovaria esse meu apelo aos céus –, nós, brasileiros, não merecemos ser a próxima vítima do entulho ético do marketing eleitoral americano. Nós merecemos algo muito melhor. Pode parecer paranoia de neurocientista exilado, mas nos EUA eu testemunhei como os arautos dessa forma de fazer política, representado pelo George Bush original e seus asseclas, conseguiram vender, com grande sucesso e fanfarra, uma guerra injustificável, que causou a morte de mais de 50 mil americanos e centenas de milhares de civis iraquianos inocentes.


Tudo começou com uma eleição roubada, decidida pela Corte Suprema. Tudo começou com uma campanha eleitoral baseada em falsas premissas e mentiras deslavadas. A seguir, o açodamento vergonhoso do medo paranóico, instilado numa população em choque, com a devida colaboração de uma mídia condescendente e vendida, foi suficiente para levar a maior potência do mundo a duas guerras imorais que culminaram, ironicamente, no maior terremoto econômico desde a quebra da bolsa de 1929.


Hoje os mesmos Republicanos que levaram o país a essas guerras irracionais e ao fundo do poço financeiro acusam o Presidente Obama de ser o responsável direto de todos os flagelos que assolam a sociedade americana, como o desemprego maciço, a perda das pensões e aposentadorias, a queda vertiginosa do valor dos imóveis e a completa insegurança sobre o que o futuro pode trazer, que surgiram como conseqüência imediata das duas catastróficas gestões de George Bush filho.


Enquanto no Brasil criam-se 200 mil empregos pro mês, nos EUA perdem-se 200 mil empregos a cada 30 dias. Confrontado com números como esses, muitos dos meus vizinhos em Chapel Hill adorariam receber um passaporte brasileiro ou mesmo um visto de trabalho temporário e mudar-se para esse nosso paraíso tropical. Eles sabem pelo menos isto: o mundo está mudando rapidamente e, logo, logo, no andar dessa carruagem, o verdadeiro primeiro mundo vai estar aqui, sob a luz do Cruzeiro do Sul!


Fica, pois, aqui o alerta de um brasileiro que testemunhou os eventos da recente história política americana em loco. Hoje é a farsa do atentado da bolinha de papel. Parece inofensivo. Motivo de pilhéria. Eu, como gato escaldado, que já viu esse filme repulsivo mais de uma vez, não ficaria tão tranqüilo, nem baixaria a guarda. Quem fabrica um atentado, quem se apega ou apela para questões de foro íntimo, como a crença religiosa (ou sua inexistência), como plataforma de campanha hoje, é o mesmo que, se eleito, se sentirá livre para pregar peças maiores, omitir fatos de maior relevância e governar sem a preocupação de dar satisfações aqueles que, iludidos, cometeram o deslize histórico de cair no mais terrível de todos os contos do vigário, aquele que nega a própria realidade que nos cerca.


Aliás, ocorre-me um último pensamento. A única forma do ex-presidente (Imperador?) Fernando Henrique Cardoso demonstrar que o seu governo não foi o maior desastre político-econômico, testemunhado por todo o continente americano, seria compará-lo, taco a taco, à catastrófica gestão de George Bush filho. Sendo assim, talvez o candidato Serra tenha raciocinado que, como a sua probabilidade de vitória era realmente baixa, em último caso, ele poderia demonstrar a todo o Brasil quão melhor o governo FHC teria sido do que uma eventual presidência do George Bush genérico do hemisfério sul. Vão-se os anéis, sobram os dedos. Perdido por perdido, vamos salvar pelo menos um amigo. Se tal ato de solidariedade foi tramado dentro dos circuitos neurais do cérebro do candidato da oposição (truco!), só me restaria elogiá-lo por este repente de humildade e espírito cristão.


Ciente, num raro momento de contrição, de que algumas das minhas teorias possam ter causado um leve incômodo, ou mesmo, talvez, um passageiro mal-estar ao candidato, eu ousaria esticar um pouco do meu crédito junto a esse grande novo porta-voz do cristianismo e fazer um pequeno pedido, de cunho pessoal, formulado por um torcedor palmeirense anônimo, ao candidato da oposição. O pedido, mais do que singelo, seria o seguinte:


Candidato, será que dá pro senhor pedir pro governador Goldman ou pro futuro governador Dr. Alckmin para eles não desligarem a luz da Arena Barueri na semana que vem? Como o senhor sabe, o nosso Verdão disputa uma vaguinha na semifinal da Copa Sulamericana e, aqui entre nós, não fica bem outro apagão ser mostrado para todo esse Brazilzão, iluminado pelo Luz para Todos, do Lula. Afinal de contas, se ocorrer outro vexame como esse, o povão vai começar a falar que se o senhor não consegue nem garantir a luz do estádio pro seu time do coração jogar, como é que pode ter a pretensão de prometer que vai ter luz para todo o resto desse país enorme? Depois, o senhor vem aqui e pergunta por que eu vou votar na Dilma? Parece abestalhado, sô!


* Miguel Nicolelis é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. É professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e criador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, (RN). Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina.


Opinião minha: Em alguns aspectos considero esse texto, muito bem escrito, muito ufanista; mas, não tira a credibilidade ou a verdadeira essência do texto. Basta comparar, ler e saber o que está acontecendo no mundo e em nosso país para se "encontrar" nesse contexto todo. Deixo claro que essa é a campanha´presidencialista mais vergonhossa que o país já teve; devido ao comportamento dos dois candidatos, ao meu ver nenhum dos dois tem condições de ser presidente. Torço pela continuação de um governo e de um sistema; não por nomes, pois nessas eleições eles são muito fracos, na verdade ridículos. Se eu fosse votar por nome, pelos políticos que aí estão, meu voto seria nulo!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Na tua onda

Por Arnaldo Bloch



Os tubos de Copacabana, pela altura
do Posto 2 em dias de ressaca, vistos
das janelas de esquadrias de alumí-
nio nos anos 70, eram de arrepiar de
tão altos. A queda era vertical, sem apelação,
e o som parecia uma casa ruindo. Não à toa o
pessoal chamava de “tijolão”. Eu primeiro es-
piava pela janela, mesmerizado, menino, da
casa da avó. Depois ia de mãos dadas com
mamãe, baldinho na outra mão, o cheiro de
maresia ensolarada já começava no corredor
que dava acesso à saída de serviço, pela enor-
me garagem. Na praia, o banho era de espu-
ma, ou dentro dos buracos, cavados com pa-
zinha, que o repuxo das ondas enchia subita-
mente, emoção gelada, água nova com sabor
de conchas e de tatuí que a gente catava e cor-
ria na direção da barraca colorida onde esta-
va mamãe, era para ela a oferenda, balde de
água, balde de areia, balde de concha, balde
de tatuí, balde cheio, vazio, mamãe, para ti a
minha onda, todas as ondas, tuas.

Coitada da mamãe quando, anos depois,
adolescente, já me aventurava na rotina do fu-
ra-onda — por cima, por baixo, pelo meio, a
depender da distância, riscos calculados de
levar um caixote, ensinamentos de meu pai,
gordo e ágil professor, eram as ondas que ti-
nham medo dele. Mamãe panicava lá no raso,
achando que o filhote seria sugado para os
fundos do oceano. Logo, logo, eu já me inicia-
va na arte do jacaré. Copacabana não era
brincadeira, não. As ondas quebravam como
uns machados. Eu não era muito bom de mi-
rar o centro daquele caracol azul, aquela es-
piral de luz esmeralda, mas, quando conse-
guia, que glória!, o tubo. Eu já andava sozinho
com uma rapaziada do Posto 5 que dizia “mo-
rô, xará?”, mas, de vez em quando, mamãe, es-
condida, ia supervisionar. Certa vez tomei um
tijolão maiúsculo e demorava a emergir da
embolação. Mamãe achou que Iemanjá tinha
me levado, e, sem qualquer experiência, mer-
gulhou para me salvar ou morrer junto. Levou
o maior caixote da História e acabou toda ra-
lada pela arrebentação. É ela quem conta a
história, da qual eu mal me lembro: que, ao
abrir os olhos, viu o filho diante dela, são e
salvo, com um ar interrogativo, cândido:

— Oi, Mamãe Iná! Não sabia que você gos-
tava de pegar jacaré.

Mamãe Iná. Era como eu a chamava. Um
primo, o Sérgio, que me ensinou violão, dizia
que, se ela era a Mãe Iná, eu era o Filho Ar-
naldo. Pois sou, até hoje, o Filho Arnaldo, tan-
tas vezes tão ausente, mas ainda desejoso de
levar, num balde, ou no puro movimento na-
tural, a onda maior, a onda rainha, como di-
zem os pegadores, a onda rainha para a rai-
nha mãe, temerosa ainda de que me leve um
vórtice para longe dela, a cada silêncio, a ca-
da telefonema que não vem, é uma onda que
vai e me carrega para os aléns da amargura,
que tristeza é o que não falta nesse mar.

Teve aquele tempo lindo, de ir cedinho, ao
amanhecer, com o Daniel e o Beto, pegar ja-
caré na confluência entre o Arpoador e Ipane-
ma. O Beto morava na rua do Quase-Quase
(Bulhões de Carvalho), em frente ao ponto do
119. Pegar jacaré em Ipanema era diferente: se
em Copa as ondas despencavam daquele jeito
insensível, as do Arpoador, naquela fronteira,
desciam suavemente, gentis, em diagonal,
sem formar tubo. A gente chamava de “pon-
ta”. As ondas de ponta eram uma delícia por
que pareciam pequenas eternidades: à medi-
da que a gente descia o corpo ia se deslocan-
do ao longo da praia, num átimo de infinito.
Evocavam, mal comparando, numa escala
muito menor, aquelas ondas míticas de “En-
dless summer”, documentadas por Bruce
Brown (não sei dizer qual era a praia, mas
lembro daquelas passagens em que os surfis-
tas, sem sacanagem, deviam ficar uma meia
hora descendo uma só onda, e sobre ela fa-
ziam o percurso inteiro da praia, onda sem
fim, mid-sixties, verão, amor, ao poente).

Nunca surfei. Parei minha carreira no jaca-
ré. Mas tive um primo surfista, mais velho, o
Arnaldo, xará, hoje longe das ondas, mas cu-
jas histórias me comovem. Arnaldo é uma
mente sofisticadíssima, culta, além de ser um
pianista excepcional. Imputo ao surfe um dos
componentes de sua inteligência. Penso que
os surfistas, sobretudo os que persistem, são
seres superiores, abençoados, ao contrário
do clichê que vigora. Afinal, os caras conse-
guem passar a maior parte da vida conduzi-
dos por movimentos da natureza oceânica, ao
vento, ao sal, ao sol, fazendo arte na dinâmica
do corpo. Vivem rodeados de belas mulheres,
conhecendo as mais belas praias, perfazendo
as mais belas viagens da percepção. E ainda
os acusam de falar mal o idioma. Com uma vi-
da dessas, falar o quê? Para quê? “Podes crer”
é mais que suficiente, pois palavras não há pa-
ra descrever uma vida que se quer e se sus-
tenta ao motor da moderação dos costumes e
do prazer da contemplação. Esses, sim, são
os verdadeiros gênios da raça, os filósofos de
mente mais abastada.
Mas acho que andei me desviando do as-
sunto. O assunto era a mãe. Tua onda, mãe.
Aquela que ainda hei de furar, descer, surfar e,
no fim, me embrulhar, eu, água, espuma, cai-
xote, eu, todo, tudo teu, minha, tua onda.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Domingão no Elevado Costa e Silva

Acho este texto interessantímo, pois ele capta um momento da cidade de são paulo com perfeição; um Domingo no minhocão ( elevado costa e silva) que nese dia é fechado para os carros. a população agradece.


Todo Domingo, para das sossego aos moradores dos prédios localizados em suas margens, o Elevado Costa e Silva, em São Paulo, é fechado para veículos e aberto a seres humanos, cachorros e carrinhos de picolé. Mês passado, para fazer o derradeiro longão do desafio RUNNER'S, juntei-me a essa rica fauna deste parque sem árvores.
Esgueirando-se por entre is edifícios, desproporcional e desengonçado, o minhocão lembrou-me certas misturas de brinquedos: um falcon na base dos comandos em ação, um playmobil no módulo lunar do lego. O Elevado não cabe ali, mas por acaso, descaso, incompetência ou mal gosto, ali está. E, como temos a fantástica capacidade de nos adaptarmos a qualquer situação, transformamos a aberração urbanística num aprazível programa dominical.
Enquanto ia e vinha nos quase 3 km de asfalto, bisbilhotava o interior dos apartamentos. É estranho, vc está numa baita avenida, cujo chão é marcado por uma faixa contínua de óleo, vazado dos carros, mas ali ao lado, quase ao alcançe da mão, uma senhora rega sua samambaia; um tiozinho de short e regata assiste ao jogo do timão, numa televisão de 14 polegadas; dá para ver os quadros nas paredes e bicicletas em quintais, almoços de família e gaiolas.
Se espiar a vida nos apartamentos é um prazer, ainda melhor é contemplar as pessoas que passeiam pelo minhocão. Não é o público que costumamos encontrar nos parques, com cangas e frisbes. É o pessoal do centro, que durante a semana se esconde à sombra do elevado, em escritórios e lojas, e no Domingo, pondo em prática a máxima de que a melhor vingança é ser feliz, sobe no lombo do rinoceronte de concreto e o tranforma nesse playground suspenso da babilônia. Vejo-os à paisana e imagino quem são em horário comercial.
A mulher de 60 anos, cabelo escovinha e óculos à la Jonh Lenon, dona de um sebo, anda de mão dada com a namorada 20 anos mais jovem, garçonete de uma churrascaria. Um zelador de Santa Cecília xaveca a empregada da Barra Funda, que se faz de difícil, tomando sua Fanta. Dois empacotadores do Sacolão da Rua Amaral Gurgel esperam seus churrasquinhos ficarem prontos, enquanto o segurança da casa de strip pede ao filho que chute a bola com menos força: se ela cai lá em baixo já viu... Os senhores de boinas e suspensórios. E eu, 2 horas e 6 minutos depois de começar a correr, sento na guia central.
Enquanto vejo os batimentos diminuírem, olho em volta e compreendo que aquela é a mais perfeita encarnação de um Domingo: o único dia da semana em que muitas pessoas podem vestir a roupa que escolhem, ir para onde quiserem e fazer o que lhes der na telha. E o minhocão, por algumas horas, despe-se de seu plúmbeo uniforme motorizado e veste-se de pedestres, trocando as gostas de óleo pelos pingos de picolé- um breve refresco para a carcaça de asfalto, enquanto a segunda não vem.



Antônio Prata- Revista Runner's

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

poema!

A. L.

Não és a flor olímpica e serena
Que eu vejo em sonhos na amplidão distante;
Não tens as formas ideais de Helena,
As formas da beleza triunfante;

Não és também a mística açucena,
A alva e pura Beatriz do Dante;
És a artista gentil, a flor morena
Cheia de aroma casto e penetrante.

Não sei que graça, que esplendor, que arpejo
Eu sinto dentro d'alma quando vejo
Teu corpo aéreo, matinal, franzino...

Faz-me lembrar as vívidas napeias,
E as formas vaporosas das sereias
Rendilhadas num bronze florentino.

Guerra Junqueiro

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

RelaçõesComplicadasII

Ontem li um artigo, não lembro extamente de quem era; mas o título não esqueci, "Relações complicadas". E de certa forma aquele texto, muito bem escrito, me deixou pensativo à respeito de toda a interação e "dependencia" que temos destas.
Quando temos uma decepção amorosa a primeira coisa que nos vem a cabeça é "existem mais pessoas legais no mundo!", e o primeiro conselho que seus amigos dão a você é : "vai parecer alguém que vai te fazer feliz!". Ou seja, você mal saiu de uma relação e outra já está sendo esperada; da mesma forma é com as amizades; as vezes apesar de gostarmos de ficar só, no primeiro momento de solidão ou dificuldades buscamos abrigo nos braços de um amigo; conforto nas palavras de alguem que gostamos, e tudo isso nada mais é que a dependência de relacionamentos que o ser humano possui. É fácil cativar pessoas e manter os relacionamentos? não não é!
Dessa forma o ser humano, dependente de interações, por muitas vezes se coloca de maneira muito submissa em relação a outras pessoas, talvez uma manifestação do sub consciente de "apelar" ao ego super desenvolvido das pessoas que ficam numa posição muito superior à outras, toda hora tendo alguém para realizar suas vontades e suprir suas carências; , mesmo que momentâneas. E oque levaria um ser tão complexo como o humano, a passar dias e dias pensando e buscando maneiras de "ter" a pessoa desejada ali, com vc, toda hora; e como explicar, também, a forma com que superamos a perda, a falta e a carência. Aquilo tudo que parecia insuperável, de repente vira motivo de riso e de aprendizado, e quer saber? essa é a graça do ser humano; o "poder" de mudar, de evoluir, apesar de algums se esforçarem para se manter estagnado na mediocridade.
O que os anos de vida me ensinaram é que, aconteça o que acontecer, seja você mesmo. a maioria de nós acaba mudando com o tempo; qndo gostamos muito de alguém acabamos nos moldando àquela pessoa e , então, aquela pessoa que éramos não existe mais; ou por insegurança ou ciúmes. Assim como é nas amizades, mudamos para atender às espectativas dos outros, para nos introsar em um certo grupo; porém não é nossa essência e como um único fim, um dia a casa cai, um dia não temos mais condições psicológicas de continuarmos a ser uma pessoa inventada, um ser estranho ao que pensamos ser durante toda a vida.
A vida da gente é algo muito complexo e quando tentamos dar um pouco mais de complexidade a tudo isso; geralmente não acaba bem, acabamos machucados, tristes, tendo que levantar a cabeça, olhar para frente e; fazer a jus àquela frase nem sempre bem vista:"o tempo resolve tudo!", e superar, mais uma vez, as adversidades que encontramos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Corridas e Corridas

Dia 16 de Outubro será realizada a Corrida do Carteiro; uma prova muito interessante, mas que carece de mais organização se compararmos com a prova do ano passado, onde simplesmente, a água destinada aos corredores acabou; no meu caso específico, passei toda a prova sem me hidratar pois os postos de hidratação não mais tinham os desejados copinhos d'água. Se nesta edição da prova, não faltar estrutura, já será uma melhora de 100%. Em relação ao percurso, o evento do ano passado foi melhor, em minha opinião, não gosto do percurso na Av Prudente de Morais, mas infelizmente tenho que aderir, todas as corridas nesta cidade são realizadas lá.
No mais, essas corridas servem de treinamento para a Meia Maratona que a Intertv Cabugi realizará no fim de novembro, além de ser um estímulo à continuação da corridinha que muitos praticam; independentemente do motivo, se é pela saúde, perda de peso e por aí vai. Então continuemos treinando e vamos lá.

NovamenteDeNovo

O dia 3 de Outubro chegou...e passou...todos se locomoveram aos seus "postos" de votação para realizar esse símbolo da Democracia que é o direito de votar e ser votado. Contudo, com a confirmação do segundo turno para as eleições presidenciais; novamente teremos que aguentar o "nobre" horário político gratuito no rádio e televisão, além das propagandas, carros de som, pessoas entregando panfletos e por aí vai. Apesar de toda essa "chatice eleitoral" que, novamente, teremos que suportar; tenho que convicção que é importante a realização do segundo turno; onde não teremos toda aquela gama de candidato brigando, literalmente, pelos votos dos cidadãos; apesar dos candidatos remanescentes possuírem 80% do tempo disponível aos presidenciáveis; não resta dúvida alguma que restará mais tempo para apresentação de propostas; e nos debates se fará possível a ampliação dos temas, será possivel aprofundar as perguntas e cada candidato terá mais tempo de expor suas idéias; será embate cara a cara, argumentos contra argumentos; creio que já passou da fase de ataques e esquivamentos; é hora de quem é competente e comprometido se sobressair, quem vai ser? não sei, mas, definitivamente, idéias sérias e convincentes "falam"muito mais que a desenvoltura teátrica que alguns candidatos incorporam ao projeto de campanha.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tá chegando o dia D

Domingo é o dia da eleição...quase que esse dia não chega...já estava ficando insuportável esse horário eleitoral; no início até que é interessante, nos divertimos com a qualidade-ou falta dela- dos nossos futuros representantes; porém com o passar dos dias e meses, essa rotina vai ficando literalmente insupórtável.
Além disso, devemos nos preparar pois, levando em consideração as últimas eleições, com certeza absoluta um desses candidatos, que consideramos fora de cogitação, estará assumindo o seu cargo - legitimamente eleito- . Esse fato realmente é de deixar realmente abalado o eleitor brasileiro. Como colocar pessoas tão despreparadas como nossos representantes e ao mesmo tempo querer ter o direito de rereclamar da situação do país, do estado, município....
Deveríamos ter isso em mente; o voto é um direito nosso e gera responsabilidade, somos responsáveis pelo rumo que o país toma; então antes de ficar sentado reclamando, vamos ser consciente e respeitar nosso país e a nós mesmos, votando de forma séria e consciente.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E agora....Nada mudou!

Apesar da vitória por 2 a 0 sobre o "fortíssimo" ICASA; é fácil perceber que o time americano continua com os mesmos problemas de sempre. Obviamente que o treinador Dado Cavalcanti não teve tempo de treinar a equipe e, sinceramente, não acredito que consiga modificar muita coisa; se o fizer será uma grande surpresa não só para mim como para grande parte da torcida americana. Alguns jogadores que não vinham rendendo o esperado a muito tempo saíram, isso já foi um passo importante e mesmo com as saídas destes, o nível técnico da equipe não modificou tanto assim, e ainda tem o fator de que os que entraram quiseram jogar e mostrar serviço; o Jackson não vinha fazendo mais do que o Elielton fez, ou o tony mais que o cafú, a diferença, ao meu ver, é na vontade que os atletas demonstram quando estão em campo. Vamos fazer justiça e dar mais valor ao que é da casa, e mais uma vez Adalberto foi um dos melhores jogadores em campo, não pode nunca ser reserva desse time; assim como o goleiro Rodolfo, porque vinha virando rotina, toda vez que um novo treinador chegava esses dois assumiam posições no banco de reservas.
No mais, o desafio do Treinador Dado Cavalcanti é dar um padrão de jogo ao time; o América jogando em casa e com um jogador a mais não pode deixar o adversário criar tantas chances de gol como ocorreu sábado à noite; organizar esse sistema defensivo já tão vazado e tornar rotineiro essa produção ofensiva tenho certeza que vai ser muito trabalhoso e que é a dor de cabeça, de agora em diante, do jovem treinador americano.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Questão de Atitude

Esses dias presenciei algo que me chamou a atenção enquanto estava dirigindo rumo à Univesidade. Em um dos semáforos que encontro pelo caminho, havia um cidadão com vários malabares, ele tocava fogo em uma das extremidades e fazia o seu show particular. Logo à diante outro cidadão, mais jovem que o primeiro, batia nas janelas dos carros atrás de receber alguns trocados. Enquanto o sinal abria o malabarista saia correndo com uma caneca na mão tentando "catar" os trocados recebidos, nunca conseguia arrecadar todas as moedas que lhe eram oferecidas pois demorara muito fazendo seu número circense e o sinal abria; mas nunca reclama, pelo contrário, sempre mantinha um largo sorriso estampado na face. Por outro lado, a cada resposta nagativa o pedinte reclamava bastante e lançava várias palavras contra os motoristas. O que leva a duas pessoas necessitadas terem atitudes tão diferentes frente uma situação similar? Creio além de ser uma questão de caráter, o malabarista espera muito mais da vida que o pedinte rancoroso; provavelmente o artista das ruas possuia objetivos que o motivavam e permitia uma perspctiva melhor; ao contrário do outro cidadão que, com certeza, nada possuía, tenho minhas reservas ao afirmar tal coisa, mas é muito obvio. Então em vez de reclamar e levar essa existência miserável, por que não tentar fazer por si e transformar nossa realidade? um cidadão que necessita fazer malabarismo nas ruas, literalmente, consegue; qual o motivo para não conseguirmos?
Nunca tenha medo de mudar, de produzir ou arriscar. Aqueles que são fechados a mudanças param no tempo e se tornam antiquadros, por isso sempre digo: reflita suas atitudes e sempre busque mudar ou mantê-las; eu sempre tive isso como meta e não me arrependo, pois apesar de errar como todo ser humano tenho a prerrogativa de mudança, minimizar os danos, superar e fazer diferente, e é nisso que acredito!

Definição

O mais complicado ao se fazer um blog é decidir o nome que este ostentará, no meu caso, decidi fazer uma homenagem a nova equipe de corrida de rua que está se formando, a ZERO NA BALADA RUNNER'S! Equipe ainda composta por poucos corredores, porém, com um potencial enorme de crescimento! Não manterei uma linha de temas comentados, de tudo terá um pouco, dependendo da vontade e do interesse que o tema despertar. Espero que possa levar algo de interessante aos leitores! Abraço.